Pacheco, cofundador da empresa, diz que decisão foi antecipada em pelo menos cinco anos em decorrência da capacidade de produção elevada na pandemia — Foto: Divulgação
Por Ana Paula Machado — De São Paulo
20/10/2021
Pacheco, cofundador da empresa, diz que decisão foi antecipada em pelo menos cinco anos em decorrência da
capacidade de produção elevada na pandemia — Foto: Divulgação
O Laboratório Cristália informa que deu início ao seu processo de
internacionalização. A farmacêutica brasileira pretende investir R$ 800 milhões na
abertura de filiais no México, Peru, Colômbia, Chile e reformular a unidade que já
há 4 horas
Empresas
opera na Argentina. Segundo o co-fundador da companhia, Ogari Pacheco, o projeto
foi adiantado em pelo menos cinco anos em função da pandemia.
Isso porque, afirma, a empresa aumentou a capacidade de produção de anestésicos
para atender à demanda por esse tipo de medicamento no Brasil. “Até 2019,
produzíamos 4,5 milhões de kits por mês. A partir de 2020, passamos a fabricar 19,5
milhões de kits mensalmente. Já atendíamos 95% dos hospitais brasileiros bem
antes da pandemia”, disse Pacheco, ao Valor.
A empresa tem em seu portfólio 24 dos 30 produtos que compõem o kit intubação
e, investiu, disse Pacheco, R$ 420 milhões na ampliação de capacidade e formação
de estoques, de 2020 a 2021. “Com o avanço da vacinação e o controle da
pandemia, a demanda por esse tipo de produto está retornando à normalidade. No
nosso caso, por exemplo, já caiu 50%”, disse Pacheco.
O Cristália, de acordo com o executivo, mesmo com a queda na demanda, manteve
o ritmo de produção para formar o estoque regulador de pelo menos três meses. “E
estamos perto de atingir o volume. Quando isso acontecer, vamos ajustar a
produção e podemos reduzí-la em até 60%. Mas, estamos analisando como será
esse arranjo para não causar muito impacto em nossa folha de pagamento.”
E uma das alternativas para esse ajuste é acelerar o processo de internacionalização
da companhia, segundo Pacheco. “O mercado brasileiro, mesmo consumindo ao
máximo, não vai atingir a demanda na pandemia. Vamos ter que iniciar as
exportações”, afirmou Pacheco.
Segundo ele, o Cristália, que tem uma filial na Argentina especializada em
medicamentos oncológicos, vai reformular essa unidade para também ser
responsável naquele país pela venda de seus produtos anestésicos. “Além, da
Argentina, vamos abrir filiais na Colômbia, Chile, México e Peru”, ressaltou o
executivo.
Nesses mercados, segundo o empresário, os estudos estão adiantados e podem
evoluir para compra de ativos locais ou até mesmo construir a operação. No ano
que vem estaremos com essas unidades funcionando. Já entramos com pedidos de
registro dos 24 produtos do kit intubação nos órgãos reguladores nesses países”,
acrescentou.
Com o desempenho deste ano, a companhia deve acelerar o ritmo de crescimento
em sua receita, para em torno de 30%. Em 2020, a evolução no faturamento, puxado
pelo kit intubação, foi de 25%, chegando a R$ 3 bilhões. “Em 2021, o planejamento é
alcançar R$ 4 bilhões em vendas. Mas, para mantermos esse ritmo devemos, nos
próximos anos, aumentar a nossa presença no exterior”, ressaltou o executivo.
Hoje, a companhia tem mais de 200 produtos em seu portfólio a maior parte nas
áreas de anestesia e oncologia. “Vamos recompor as vendas que devemos perder
no mercado brasileiro. Para isso, vamos fazer o registro espelho nesses países, com
uma lista de produtos semelhante.”
O Cristália também investe na produção de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA). A
companhia importa 15% da matéria-prima para os medicamentos que compõe o kit
intubação da Índia e China, o restante é fabricado “dentro de casa”. “O nosso plano
de expansão da capacidade passou também pelo aumento da produção de IFAs.
Além disso, nossa área de pesquisa e desenvolvimento trabalha para aumentar o
nosso portfólio de matérias-primas. Temos uma produção verticalizada”, disse
Pacheco