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21.mai.2019 às 2h00 Edição Impressa - Folha de S. Paulo Reginaldo Arcuri Dante Alário São PauloNa contramão, fabricantes estrangeiros têm reduzido as atividades no Brasil A produção de medicamentos no Brasil teve crescimento de 92% nos últimos dez anos. Esse crescimento se manteve mesmo no período de recessão, entre 2015 e 2016, quando o PIB caiu mais de 7%. O mercado total de medicamentos no Brasil, considerando o segmento de varejo, hospitais e governo, é da ordem de R$ 92 bilhões. O desempenho é resultado dos constantes investimentos das farmacêuticas nacionais, que nos últimos cinco anos aplicaram cerca de R$ 5 bilhões em novas fábricas, aquisições e expansões. Pesquisa, desenvolvimento e inovação são palavras-chave para a expansão da indústria nacional, que, além de abrir novas áreas de pesquisa, com destaque para os biossimilares, vem ocupando o espaço deixado pelas multinacionais que partiram do Brasil ou reduziram os investimentos. Os investimentos vêm na contramão do que vem sendo feito por farmacêuticas estrangeiras. Neste ano, dois laboratórios multinacionais, a americana Eli Lilly e a suíça Roche, anunciaram o fechamento de fábricas no Brasil. Esses não são casos isolados. Infelizmente outros fabricantes de medicamentos têm reduzido as atividades no Brasil, principalmente terceirizando a fabricação de seu portfólio ou vendendo unidades para laboratórios nacionais. No entanto, os brasileiros continuam tendo acesso a medicamentos de qualidade a preços acessíveis, compromisso assumido pelos laboratórios nacionais. As empresas investiram nos últimos anos, em média, 8% de seus faturamentos em pesquisas e inovações, o que permitiu a ampliação de sua presença no mundo. Com um país cada vez mais velho, consumimos remédios mais complexos e caros. Nossa balança comercial mostra que mais de 30% do que importamos é de medicamentos desse tipo, o que representa gasto anual de R$ 6 bilhões para o SUS (Sistema Único de Saúde). O desenvolvimento de medicamentos mais eficazes e complexos vai se acelerar. Por isso o Brasil tem de ter uma indústria capaz de acompanhar isso e de produzir aqui o que hoje é apenas importado e impacta o gasto público. Articuladas com o Ministério da Saúde e com laboratórios públicos, as empresas nacionais investiram mais de R$ 2,1 bilhões na produção de boa parte desses medicamentos biotecnológicos. A indústria farmacêutica brasileira é hoje a mais importante produtora de genéricos e similares. É também inovadora, competitiva, não tem nenhuma proteção especial e faz o que todos precisamos: investe no Brasil, para que tenhamos, e sempre mais, acesso a medicamentos de qualidade, seguros, eficazes e inovadores. Assim como as empresas internacionais, os laboratórios nacionais já garantiram presença no mundo, com centros de pesquisas e desenvolvimento de medicamentos nos EUA, no Canadá, na Itália e fábricas em toda América Latina e no Leste Europeu. E exportamos para mais de 50 países. Reginaldo Arcuri é presidente-executivo e Dante Alário é presidente do conselho administrativo do Grupo FarmaBrasil